sexta-feira, 8 de maio de 2015

#0dias

E então é hoje.
Eu to com um frio tão grande na barriga!
Foi como quando eu vim, uma aflição...
Fiz o check das malas ontem a noite e depois não consegui dormir, qual é eu não to indo pro novo!
To voltando pro que eu deixei, isso devia ser reconfortante não?
Mas e o medo do que eu deixei não ser suficiente? E o medo de quem eu fui e o que eu fazia não se adaptar a quem eu sou hoje.
Sabe o que é, eu tava com tanta pressa de ir embora que nem reparei que eu ia deixar uma parte de mim aqui, que eu não ia levar vocês comigo!
Se eu vou sentir saudade? Ela já fez morada aqui!!
Eu sei que escolhi não me despedir de ninguém, escolhi ser como uma estrela cadente que enquanto você pensa no pedido ela ja foi embora!
Me desculpa pelo egoísmo, mas façam o pedido, vai que o pedido alcança a estrela.

Sobre a vida a bordo o que eu posso dizer é que são exatos duzentos e cinquenta e quatro dias que eu estou aqui, passei por tantas coisas e aprendi outras tantas!
Ninguém vem enganado pra ca, sabemos que não estamos vindo em férias, que trabalha-se muito e ganha-se em dólar (agora que o dólar ta 3 e pouco sabem que eu to ryycah ne? Hahaha)
O contrato são de ate 11 horas diárias, se trabalha em restaurante/bar essas horas são mais puxadas ainda, não é facil.
Fotos bonitas de momentos de folga não diminuem o fato de que desses 254 dias que passei a bordo todos eles foram trabalhados.
Um navio italiano aonde a maioria dos chefes de departamento são italianos e a cultura deles está longe de ser a mesma que a nossa.
Não vou mentir, eu vi tantas coisas escrotas, tantas situações, que só a graça!
Mas quer saber de um coisa?
Sou grata por essa experiência!
Com a diferença de cultura, aprendi a ser mais tolerante.
Com a carga horária pesada, aprendi a dar mais valor a minha grana.
Com o fato de trabalhar todos os dias, aprendi a aproveitar melhor cada minuto do meu tempo de folga.
Com a internet caríssima, aprendi a ouvir mais os meus amigos ao invés de lê-los.
Com a hierarquia imposta, aprendi que temos que saber com quem brincar.
Com o contato com outras nacionalidades, aprendi que gente boa e gente sacana tem em qqr lugar.
Com toda essa coisa de warning, aprendi a respeitar as regras (pelo menos algumas)
Com os 125 mil drills, aprendi finalmente o que fazer em caso de emergência.
A realidade é que podemos e devemos tirar alguma coisa boa de toda as coisas que vivemos, mas a melhor coisa que aprendi foi o quanto eu amo pelo meu país e que não queria ter nascido em nenhum outro lugar no mundo!
E a esse gigante de lata que desviou de sei la quantas tempestades, atravessou sei la quantos mares, que me levou e me trouxe em segurança pra casa, queria agradecer pela vigem.
Obrigada Preziosa, quem sabe eu volto um dia.

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